quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Aquele animal

Sabes como se chamava aquele animal
que trepava na árvore do corpo
e sabes como era fatal
quando se exibia no espectáculo.
Sabes quando andava no sono
misturado na natureza
e como queimava aquele fogo
que entrava como uma aguardente de luzes.
Sabes como se chamava aquele animal
que te provocava
e como era aquela magia
em que espalhavas o sal pelo corpo
E sabes como era fatal
aquele pedaço de carne
que atordoava quando os olhos dos homens
iluminavam aquele espectáculo.
Sabes como se chamava aquele animal
que ficava ferido nos bastidores
e sabes como era fatal quando corria
e se cortava com os dentes
quando despia os homens.

Agora eu percebi

Agora eu percebi que tu não ias ficar
mesmo quando o tempo fugia.
Nem sempre a terra suporta a raiz
e nem tem de ser a guerra
ou esse conflito de alguém se fingir feliz
Agora eu percebi que não estavas bem
mesmo quando o tempo alcançava tudo
e havia aquele silencio que marcava essa separação
as coisas superficiais não podem passar por cima da solidão
e nós precisamos de algo mais profundo.
Agora eu percebi que tu não ias ficar
mesmo quando o tempo fugia.
Nem sempre sonhar é suficiente
e nem sempre a ausência é uma coisa vazia
é melhor ir que não ter paciência
ficar é mais uma circunstancia
Agora eu percebi que tu não ias ficar
mesmo quando o tempo fugia.
Nem sempre a terra suporta a raiz
e nem tem de ser a guerra
ou esse conflito de alguém se fingir feliz

fizeste um golpe

Fizeste um golpe
e vi sangrar os olhos de melancolia.
Os olhos da paisagem ardiam
era um galope que rasgava a memória.
Fizeste um golpe
e vi sangrar os olhos
e o resto do corpo arrefecia
era um galope que passava
por cima da sorte,
Fizeste um golpe
e a loucura não parava
os olhos da paisagem ardiam
e alguém perdia o norte
era um galope que escapava

a qualquer tentativa de matar
Fizeste um golpe
e vi sangrar os olhos de melancolia
os olhos da paisagem ardiam
era um galope que rasgava a memória

lobo